Cactus Poemas

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terça-feira, 16 de outubro de 2012

ALFABETIZANDO COM POESIA







link original da poesia

                                                      a   é uma bolinha,
Que tem uma só perninha.
Estou com pena da letrinha,
Será que é manca a coitadinha?

b   se acha bonito,
Belo e bonachão.
Mas não sabe que é esquisito,
Pois tem um barrigão.

c   é uma curvinha,
Casa se escreve com ela.
De paredes coloridas,
Com portas e janelas.

d   cortou o dedo,
Doeu e ele chorou;
Mamãe fez curativo,
Deu beijinho e passou.

e   elefante escreve.
De tromba bem comprida.
É um bicho muito grande,
Mas é amigo da formiga.

f   foi a feira,
De frutas ele gosta.
Com figo e framboesa,
Fez uma linda torta.

g   escreve guerra,
É uma letra muito estranha.
Pois gostar também é dela,
Como faz guerra se ama?

h   marca hora para tudo.
Da escola, do almoço e do jantar.
Mas a melhor hora do dia,
É a hora de brincar.

i   foi à igreja;
E, começou a chover.
Levou um pingo na cabeça,
Não adiantou correr.

j   estava com fome,
Esperando o seu jantar,
Correu para a janela,
Para ver sua mãe chegar.

L  é rei na selva,
na floresta ele é o bom.
O que é que se escreve com ela?
É a letra do leão.
            
m   tem três perninhas
Para escrever, dá três voltinhas.
Parece uma minhoquinha,
Toda encolhidinha.

n   é a letra do não
Que às vezes a mamãe diz.
Porque você faz malcriação
E ela não fica feliz.

o   é tão redondinho,
Parece um ovinho.
Se quebrarmos ele ao meio,
Será que nasce um pintinho?

p   mantém a ordem,
Ele é policial.
Prender o ladrão ele pode
E nos defender do mal.

q   gosta muito de queijo;
Queria comer sem parar.
Quase caiu o queixo,
De tanto mastigar.

r   andava na rua,
Muito distraído,
Quando viu um enorme rato,
Se assustou e deu um grito.
             
s   é muito sabido,
De saúde ele entende,
Por isso come salada,
Para não ficar doente.

t   trouxe um tatu,
Para a  turma conhecer,
Fez um grande tumulto,
Todos queriam ver.

u   é letra útil,
União assim começa.
Unidos temos a força,
E não precisamos ter pressa.

v    é a letra da verdade.
Mentira não é legal.
Mas também da vaidade,
Que às vezes faz muito mal.

x   ficou doente,
Tomou xarope na xícara.
Estava com dor de dente,
E também dor de barriga.

z   é de nota zero,
Que ninguém quer tirar.
Mas para ser o primeiro,
Vai ter que estudar.

TICO TICO, TECO TECO
Passou o trem da alegria,
Ensinando o ALFABETO.


Devidos Credito
Vera Ribeiro Guedes

link original da poesia 

http://www.recantodasletras.com.br/infantil/29060

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Procura da Poesia




Procura da Poesia
Não faças versos sobre acontecimentos.
Não há criação nem morte perante a poesia.
Diante dela, a vida é um sol estático,
não aquece nem ilumina.
As afinidades, os aniversários, os incidentes pessoais não contam.
Não faças poesia com o corpo,
esse excelente, completo e confortável corpo, tão infenso à efusão lírica.

Tua gota de bile, tua careta de gozo ou dor no escuro
são indiferentes.
Não me reveles teus sentimentos,
que se prevalecem de equívoco e tentam a longa viagem.
O que pensas e sentes, isso ainda não é poesia.

Não cantes tua cidade, deixa-a em paz.
O canto não é o movimento das máquinas nem o segredo das casas.
Não é música ouvida de passagem, rumor do mar nas ruas junto à linha de espuma.

O canto não é a natureza
nem os homens em sociedade.
Para ele, chuva e noite, fadiga e esperança nada significam.
A poesia (não tires poesia das coisas)
elide sujeito e objeto.

Não dramatizes, não invoques,
não indagues. Não percas tempo em mentir.
Não te aborreças.
Teu iate de marfim, teu sapato de diamante,
vossas mazurcas e abusões, vossos esqueletos de família
desaparecem na curva do tempo, é algo imprestável.

Não recomponhas
tua sepultada e merencória infância.
Não osciles entre o espelho e a 
memória em dissipação.
Que se dissipou, não era poesia.
Que se partiu, cristal não era.

Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.

Convive com teus poemas, antes de escrevê-los. 
Tem paciência, se obscuros. Calma, se te provocam.
Espera que cada um se realize e consume
com seu poder de palavra
e seu poder de silêncio.
Não forces o poema a desprender-se do limbo.
Não colhas no chão o poema que se perdeu.
Não adules o poema. Aceita-o
como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada
no espaço.

Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma
tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível que lhe deres:
Trouxeste a chave?

Repara:
ermas de melodia e conceito 
elas se refugiaram na noite, as palavras.
Ainda úmidas e impregnadas de sono,
rolam num rio difícil e se transformam em desprezo.


Carlos Drummond de Andrade


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